O Arcano

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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Quinto Capitulo!

No outro dia fui para a escola como se não tivesse visto aquela frase no meu caderno e ela não pudesse ser uma previsão, visão, ou leitura do futuro.
Quando cheguei eu estava tentando não pensar na Fernanda e na confusão que a minha vida estava ficando quando por ironia do destino ou não eu vi o garoto mais confuso que eu conhecia, e o único que conseguia me fazer sentir bem naquele lugar com tudo que estava acontecendo, o Matheus.
- Oi.
-Oi- eu disse corando, aff.
-Ah e então como ta a Fernanda?
- Eu acho que ela deve ta melhor agora, não sei direito, ainda não falei com ela – essa foi boa, tipo ela era a única pessoa que tinha falado comigo no primeiro dia de aula e eu nem liguei para saber como ela tava, agora eu mandei mal.
- Ah, bom é que eu fiquei um pouco preocupado com toda aquela história do sangue sabe.
- É eu também fiquei eu até liguei para ela ontem mais deu na caixa de mensagem – agora eu comecei a mentir para o Matheus por culpa da Fernanda, bom por culpa da minha falta de interesse e humanidade mais enfim.
-Ah que chato eu também pensei em ligar, mais nem tinha o numero dela e acabei me atrasando no trabalho e não deu tempo pra passar no hospital.
- Você trabalha? – nossa no maximo ele tinha 17 anos, isso no maximo mesmo e já trabalhava e tudo!
- Sim, eu sou guia no Planetário.
-Ah que legal, deve ser bom trabalhar lá - eu nem sabia que Morrinhos tinha um Planetário!
-É bem legal mesmo, qualquer dia desse eu te levo la então!
-Tah pode ser então.
E bem nessa hora o sinal tocou para irmos para sala, mas infelizmente a minha primeira aula não era com ele, então nos despedimos e fomos cada um para as suas salas.
 Os dois primeiros períodos foram de português com a professora Vera, ela até que era legal mais se escondia muito debaixo daqueles óculos e roupas que pareciam ser tiradas dos anos 60. O terceiro período foi de Geografia, e essa aula também não era junto com ele, então fiquei feliz quando o sinal tocou para o intervalo mais antes de ir casualmente encontrar com o Matheus eu precisava fazer uma coisa muito importante antes. Então corri para o banheiro feminino, entrei em uma cabine e peguei o meu celular e liguei para a Fernanda, eu só tinha o numero de telefone dela porque no primeiro dia de aula ela mesma pegou o celular e adicionou na agenda.
-Alo.
-Alo, aqui é a Julia eu queria falar com a Fernanda, por favor?
-Ah sim eu já vou passar para ela.
-Obrigada.
-Oi Ju, tudo bem?- pela voz dela deu a impressão de que ela tinha acabado de acordar.
-Tudo, eu só liguei para saber se você ta melhor.
-Eu to sim, meus olhos não então mais escorrendo sngue eu só to com um pouquinho de dor de cabeça.
-Que bom.
Nos conversamos mais um pouco e então eu fui para o refeitório, e quando eu cheguei na porta a primeira coisa que eu vi foi ele sorrindo para mim!





terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quarto Capitulo!

Enquanto a Fernanda explicava para a enfermeira que quando ela foi misturar os elementos, ela não entendia como mais eles simplesmente explodiram e um pouco foi no olho dela fazendo arder daquele jeito, a enfermeira tentava limpar o olho dela mais era praticamente impossível já que não parava de escorrer sangue, parecia uma daquelas cenas de filme de terror que você tem vontade de por a mão na frente para não ter pesadelos de noite.
Eu continuei segurando a mão dela e cada vez que começava a escorrer mais sangue ela a apertava, eu estava ficando apavorada, será que ela ia ficar cega?
Alguns minutos depois o professor entrou na sala informando que os pais dela já estavam a caminho para levá-la ao hospital, se é que o posto dessa cidade pode ser chamado de hospital, mais enfim, ele parecia tão apavorado quanto eu.
-Fernanda eu não quero te criticar, mais você tem certeza que usou só os elementos que eu escrevi no quadro, porque se sim isso não podia acontecer, é contra a ciência.
- Eu tenho certeza que usei apenas os elementos que você escreveu, eu juro alguém deve ter etiquetado errado aquilo.
- Isso é impossível, eu mesmo etiquetei corretamente todos os elementos.
- Então como você me explica o que aconteceu?- ela perguntou com raiva.
-Ei não briguem vocês dois. Fernanda ele é o seu professor e se ele diz que não etiquetou errado é porque ele realmente não etiquetou errado poxa! - eu falei isso um pouco irritada, ela estava chorando sangue, eu talvez tivesse lido o futuro e eles ficavam brigando!? Era muita falta de consideração!
Alguns minutos depois os pais da Fe chegaram e levaram ela imediatamente para o hospital, e por um milagre nem berraram com o professor.
Eu estava indo para casa quando esbarrei no Matheus e acidentalmente deixei os meus livros caírem no chão (ui, parecia aquelas cenas de filmes americanos baratos).
- Ah oi, desculpa eu não tinha visto você- ele falou isso num tom realmente de desculpa enquanto me ajudava e pegar os meus livros que caíram no chão.
-Tudo bem não foi nada- ele me deu os livros- obrigada.
-De nada. Ah eu ouvi um boato de que a Fernanda tinha começado a chorar sangue na aula de Química, isso é verdade?- ele perguntou isso de um modo que eu pude perceber que ele estava muito preocupado, mais porque ele estaria tão preocupado com ela, achei que ele não ia muito com a cara dela e também qualquer um que escutasse que alguém tinha começado a chorar sangue ia achar ridículo e começaria a rir.
- Bom é verdade sim, ninguém sabe ainda o que exatamente aconteceu, mas tudo indica que os elementos foram etiquetados errados e tiveram uma reação, acabaram explodindo e alguma coisa foi no olho dela fazendo eles sangrarem assim.- enquanto eu falava ele ficou prestando atenção em cada detalhe.
- Nossa que azar o dela. Uhun... Eu preciso ir, tchau.
-Tchau.
Ele foi caminhando, quase correndo para fora da escola, parecia que ele estava com muita pressa e eu fiquei ali parada fazendo cara de paisagem como uma completa retardada até o sinal bater e eu ir para a aula de Artes.
Cheguei à sala um pouco atrasada já que eu ainda não conhecia a escola muito bem, me sentei em uma classe em que não tinha ninguém do lado, mal tinha largado a minha mochila e a professora entregou para cada aluno um texto sobre a história de vida do pintor alemão Max Ernst. Estava pegando o meu caderno para fazer um resumo conforme ela avia solicitado quando as letras da folha estranhamente começaram a se mexer, e quando eu digo se mexer eu quero dizer que ela realmente começaram a dar votas na folha de um lado para o outro até um parágrafo formar a seguinte frase:
“As coisas sempre mudam, concordando ou não com elas, talvez para pior ou se tiver sorte o contrario, depende do ponto de vista.”
Dessa vez eu não agüentei e tive que chamar a professora mais quando ela chegou para ler a frase a mesma simplesmente havia sumido, as palavras voltaram a formar o texto de Max Ernst como se nunca tivessem saído do lugar e eu ainda levei uma bronca por ficar fazendo piadas sem graça para a professora!Aff!

Blogs Maravilhosos!!

Gente eu queria pedir para vocês visitarem os dois blogs abaixo são muuito bons!!
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Aviso

Gente desculpa pelo atraso dos próximos capitulos, é que essa é a minha semana de provas na escola mais eu vou postar a continuação da história nos próximos dias.
Muito obrigada pelos comentarios!!!S2

sábado, 4 de setembro de 2010

Terceiro Capitulo!

No dia seguinte eu fui para aula não tendo muita certeza se eu queria ver o Matheus ou não, metade de mim queria ver ele já que ele era o garoto mais lindo que eu já tinha visto, mais a outra metade achava que mesmo ele sendo lindo ele não podia ser tão mal educado e eu definitivamente deveria esquecê-lo.

Quando cheguei na sala quase toda a turma já tinha chegado, eu poderia escolher o meu lugar dessa vez mais por teimosia resolvi sentar no lado dele, e fiquei impressionada quando ele falou comigo (só espero que não tenha dado para notar).

-Oi – ele falou isso olhando para mim e sorrindo, o sorriso mais espetacular do mundo.

-Oi.

Eu falei isso e a professora entrou na sala dando bom dia, alguns minutos depois ele olhou para mim de novo e perguntou.

- Você fez as treze questões do trabalho?

- Fiz, você fez a sua parte?

-Fiz – ele me entregou a parte do trabalho dele e nos juntamos às duas folhas e entregamos para a professora.

Depois na troca de períodos ele se ofereceu para me mostrar onde ficava o laboratório de ciências, já que eu ainda não sabia, durante o caminho ele tentou puxar papo.

- E então esta gostando de morar em cidade pequena?

- Não, eu não gosto.

- Então porque esta morando aqui? – ele me perguntou num tom confuso e não de curiosidade.

- Bom, basicamente porque minha mãe acha que eu tenho que passar mais tempo com o meu pai.

- Ah entendi, e você gosta do seu pai? – agora sim eu estava sem resposta, eu não odiava o meu pai, mas com certeza eu preferia estar com a minha mãe do que aqui nesse lugar.

- É gosto, o meu pai é legal. – e então resolvi começar a perguntar também antes que El me perguntasse mais sobre a minha família. – E você gosta de cidade pequena.

- Não, eu também não gosto, igual a você eu só moro aqui pele minha família, meus pais e meus dois irmão queriam vir para ca e como eu era minoria fiquei sem escolha.

- Ah – já tínhamos chegado a porta do laboratório e eu não sabia o que dizer.

- Eu te vejo depois na aula de Português.

- Tah até mais.

- Até – ele disse sorrindo de novo e eu repito, era o sorriso mais espetacular do mundo.

Entrei no laboratório, não tinha ninguém que eu conhecesse então decidi sentar no fundo, quando abri o meu caderno aconteceu a coisa mais entranha que podia acontecer com uma garota de pais separados, cabelo ruim e péssima em matemática e educação física, em vez de eu enxergar as paginas totalmente em branco eu enxerguei a seguinte frase se mexendo nas linhas azuis claras.

“Você enxerga àquilo que você merece enxergar, cuidado a língua pode cortar o olho’’

Eu esfreguei os meu olhos com a mão várias vezes mais a frase não saia dali e continuava se mexendo, e então a Fernanda sentou do meu lado derrepente as palavras desapareceram.

- Porque você não me deu oi, ah não se importa de eu sentar aqui, né?

- Ah oi, eu não tinha visto você chegar e sim pode sentar aqui. – ela realmente era chata poxa.

A aula começou e o professor pediu que cada aluno tentasse misturar alguns elementos que ele escreveu no quadro para ver as reações então como na nossa mesa só tinha dois elementos que estavam no quadro eu dei aqueles para a Fernanda e fui até a mesa do professor para pedir mais dois quando eu ouvi um grito.

- Ai meu Deus, o que aconteceu? – o professor começou a gritar com uma expressão horrorizada e eu virei para trás e percebi que era a Fernanda quem tinha berrado, ela estava com as mão nos olhos chorando lagrimas de sangue, e quando eu digo chorando lagrimas de sangue é no sentido literal mesmo.

- Os meus olhos eles estão ardendo, eu não enxergo nada, ta queimando aii!

- Julia me ajuda a levar ela para a enfermaria, os outros leiam o capitulo 10 do livro e façam um resuma para me entregar aula que vem. – ele falou isso e a ajudou a sair do laboratório enquanto eu segurava a porta, depois eu o ajudei a guiá-la pelo caminho até a enfermaria que eu nem sabia onde ficava e os olhos dela não paravam de correr sangue, era horrível ver aquilo e não poder fazer nada e tudo bem eu admito que não gosto mundo dela mais não ao ponto de ficar feliz em a ver chorando sangue!

Quando chegamos à enfermaria o professor pediu para eu ficar ali com ela enquanto ele ia à secretaria pedir que ligassem para os pais dela virem buscá-la.

Eu me sentei do lado dela e segurei a sua mão enquanto a enfermeira perguntava o que tinha acontecido e então foi quando eu percebi que o que tinha na frase que eu tinha lido no meu caderno é que você só enxerga aquilo que você merece enxergar, e que agora a Fernanda não conseguia ver mais nada e que a língua podia cortar o olho e bom, não dava pra negar que a Fernanda tinha uma língua muito afiada, mais agora ela não ia poder falar mal de ninguém já que não podia ver o que estava acontecendo com os outros.

Será que o que eu tinha visto escrito era o futuro?



sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Segundo Capitulo!


Chegando a minha primeira impressão foi de uma escola calma com poucos alunos, no maximo uns 100 , não tinha muito movimento e todos usavam roupas discretas e pareciam ser estudiosos, eu nunca tinha sido a garota mais inteligente da minha turma, mas com certeza estava longe de ser uma das mais burras, esperava que o conteúdo daqui fosse o mesmo da minha antiga escola.

Fui à secretaria ver em que turma eu estava e fui informada de que estava na 301, que ficava na segunda sala á esquerda. Quando cheguei à porta senti a mesma sensação que senti quando desci do avião, um frio na barriga deveria ser por estar numa turma onde ninguém me conhecia e eu não conhecia ninguém.

Bati na porta e a professora veio atender, era uma ruiva de cabelos cacheados na altura do ombro, tinha lindos olhos azuis que infelizmente ficavam um pouco escondidos pelas lentes dos óculos.

-Ah você deve ser Julia, a aluna nova, seja bem vinda.

-Obrigada...

-Vera, professora de Português.

-Ah, obrigado Vera.

-Você pode escolher um lugar para sentar.

Eu olhei em volta, a sala tinha paredes brancas não muito convidativas com cartazes de alunos pendurados por toda parte, e o piso era de madeira escura. Procurei um lugar vazio e encontrei um no final da sala da fileira do lado da parede da porta, me sentei em silencio tentando não chamar muito a atenção, uma garota de cabelo preto e olho castanho que sentava na minha frente virou para trás e me deu “oi’’.

-Oi, meu nome é Fernanda.

-Oi, o meu é Julia - falei isso e sorriu tentando ser simpática, ela sorriu também e se virou para frente.

O período passou rápido e sem muitas novidades, quando o sinal bateu para a troca a Fernanda se virou e perguntou se eu queria ajuda para descobrir onde era a minha próxima sala, eu disse que sim e ela me levou até a porta da sala de História.

Quando entrei a primeira coisa que fiz foi procurar um lugar vago, o único que encontrei foi um do lado de um garoto que obviamente eu não conhecia, ele tinha cabelo castanho claro e fascinantes olhos verdes, não era super musculoso mais também não era um palito, era... elegante, puxei minha cadeira e me sentei ao lado dele, eu estava esperando que ele me desse oi como a Fernanda tinha feito mais não foi isso que aconteceu, ele ficou a aula inteira me ignorando totalmente, qual era o problema dele?

O sinal tocou e eu fui para a minha outra aula, agora era Ciências, dessa vez cheguei um pouco atrasada porque tive que achar a sala sozinha. Assisti a o professor Rogério explicar toda a matéria que eu já sabia e quando o sinal tocou fui para o intervalo.

Logo Que cheguei ao refeitório a Fernanda veio me convidar para sentar com ela e com os seus outros dois amigos Laura e Christopher, só me sentei e eles começaram a falar sobre a roupa ridícula da fulana e que ciclano tava namorando o tal beltrano e etc. Percebi rapidamente que eles adoravam essas fofocas de cidade pequena e achei péssimo que eles tenham sido as primeiras pessoas na escola que falaram comigo.

Acabei de comer o meu lanche e me despedi dos meus novos “amigos’’, quando estava colocando meu prato no lixo vi que o garoto da aula de História que não me deu oi estava me encarando, mas quando viu que eu percebi tentou disfarçar virando a cara para o lado.

Depois fui para aula de Matemática e la estava o tal garoto então resolvi tomar coragem e me apresentar.

-Oi, meu nome é Julia. – eu falei enquanto sentava na cadeira do lado dele já que também era o único lugar vago.

-Oi – Uau podia ter dito o nome né

-E ai qual é o seu nome?

-Matheus.

-Ah,... Unh legal.

Ele olhou pra mim com uma expressão confusa.

-É , é legal.

Ta tudo bem o meu comentário do “é legal’’ não foi um dos melhores, mas eu era aluna nova, ele podia me dar algum crédito por isso, mas enfim a aula passou sem mais coisa emocionantes ou idiotas até que o professor deu um trabalho com vinte e cinco questões de equações literais para a próxima aula que era amanhã, até ai tudo bem o problema é que o trabalho era em dupla e tinha que ser feito com a pessoa que você estava sentado, ou seja, eu teria que fazer o trabalho com o Matheus, o garoto que não queria nem que eu soubesse o nome dele.

-Tudo bem eu faço treze questões e você faz doze, no dia agente grampeia as folhas pode ser?

-Ta, pode ser – na verdade não podia ser, poxa o trabalho era em dupla, ele bem que podia fazer comigo, mais tudo bem fazer o que né.

Quando cheguei em casa estava revoltada, eu queria saber o porque dele me ignora, o porque dele não querer fazer o trabalho comigo, ele não queria nem dizer o nome! Então eu só fiz as minhas doze questões e fiquei escutando musica pelo resto da tarde, quando era uma sete horas eu desci para jantar e o clima entre eu o meu pai e a minha vó ainda era estranho, todos ficaram se encarando na mesa sem falar muito, a maior parte do tempo cada um ficou olhando pro seu prato, depois ajudei a lavar e secar a louça e subi para o meu quarto.

Primeiro Capitulo!

Hoje acordei às 5h15min da manhã, mais cedo que o normal porque tinha que pegar o vôo para o Rio Grande do Sul. Eu vou voltar a morar com o meu pai e a minha avó, pois minha mãe acha que eu preciso passar um tempo com ele e com o resto da minha família que eu não vejo a alguns anos, reatar o costume de “família unida e feliz``, como se isso fosse possível com ela namorando um cara diferente toda semana.Quando já tinha trocado de roupa e tomado café da manhã fui ao meu quarto pegar as minhas malas e minha mãe ficou na garagem me esperando, quando eu entrei no carro ela estava olhando para chave com uma expressão um pouco chateada.

- Julia você sabe que eu não estou pedindo que fique com o seu pai alguns meses porque eu não gosto de você, estou fazendo isso pelo seu bem, você entende ?

- Claro, claro que eu entendo mãe - eu respondi num tom despreocupado como quem estava nem ai, mas na verdade eu estava achando o fim do mundo ter que ficar um tempo com o meu pai considerando que ele morava bem no interior do Rio Grande do Sul onde tinha cavalos e tudo, aff será que isso podia ficar mais estranho?

-Bom, eu fico bem mais aliviada, você esta sendo muito madura conseguindo entender isso.

-Obrigada mãe.

Chegamos ao aeroporto de Congonhas e esperamos chamarem o meu vôo, que não demorou muito, logo depois de ser chamado minha mãe já estava dizendo que ia ficar com muitas saudades.

-Você vai se divertir muito la, todos estão com muitas saudades de você mais eu sei que nem tanto quando eu vou sentir - ela me abraçou bem forte - eu te amo muito filha!

- Eu também te amo muito mãe.

*--*

Quando o avião chegou ao aeroporto de Torres eu senti um frio na barriga, alguma coisa parecida com medo de palco, eu não sabia por que eu estava me sentindo daquele jeito, talvez fosse só o nervosismo de encontrar o meu pai e o resto da minha família paterna que eu não via há sete anos e pelo qual eu não sentia a mínima vontade de ver de novo, mais mesmo assim era uma sensação muito estranha como se algo fosse mudar mais isso era uma coisa obvia já que eu tinha acabado de mudar de estado e de escola as coisas com certeza tinham que mudar, e eu espero que para melhor.

Eu desci do avião e já encontrei o meu pai segurando uma folha de oficio escrito Julia bem grande, como se eu não fosse capaz de reconhecer ele, mas não demorou muito e ele já estava correndo para me dar um abraço de urso como quando eu era pequena, será que ele não conseguia perceber que eu já tinha 16 anos?

-Oi meu bem, que bom que você esta aqui eu estava morrendo de saudades, eu estou tão feliz agora!

- Estava com tantas saudades que nem foi me visitar em todos esses anos, né?

-Eu queria te visitar o problema é que eu trabalho muito e não tinha com quem deixar a loja.

-Tudo bem você esta perdoado.

Meu pai me ajudou a levar a mala para o carro enquanto ia me contando como a vovó estava ansiosa pra me ver. Em quanto ele ia dirigindo eu fui olhando pela janela e vendo que a pequena cidade de Morrinhos realmente não tinha crescido nada, continuava sendo a mesma cidadezinha onde as ruas eram de pedras e todo mundo andava de bicicleta, eu duvidava que existisse alguma diversão ali sem ser a minúscula locadora no final da rua principal, se é que tem como chamar isso de diversão. Quando entramos na rua da casa da minha avó eu já comecei a me remexer no banco pelo nervosismo e então o meu pai estacionou o carro e quando eu fui tirar o cinto eu pude ver que o meu coração estava realmente acelerado pela vergonha de chegar num lugar que fazia muito tempo que eu não estava.

-Não precisa ficar nervosa, lembre-se que todos estão muito felizes em te ver de novo.

-Eu vou tentar - o problema é que eu não estava tão feliz assim em ver todo mundo de novo!

Abri a porta da casa e me deparei com a minha avó Clotilde segurando um bolo enorme onde estava escrito “Seja Bem Vinda’’ com letras rosa claro em cima do glacê branco, poxa ela devia saber que o meu bolo preferido é o de chocolate, mais o que realmente me deixou chocada foi ver que todas as minhas tias, tios e primos estavam lá, a tia Flavia, a Ana e a Viviane com os meus tios José, Gabriel e Carlos e os meus primos Augusto, Luiza, Amanda e Luiz. Todo mundo estava la para me dar as boas vindas!Uau!

- Oi Julia, Seja bem vinda! – minha avó foi a primeira a falar e depois todo mundo começou a fazer a mesma coisa e vir me abraçar e perguntar como foi o vôo e etc.

Minha avó meio que tinha preparado uma festa surpresa para a minha chegada, estava toda a minha família paterna la me desejando o melhor e falando que eu ia adorar passar um tempo aqui com eles, bom eu esperava isso também mais achava difícil isso realmente acontecer.Depois da festa eu subi as escadas e fui para o meu quarto que sempre ficou no final do corredor do lado do banheiro e na frente do quarto de visitas, ele continuava como eu o tinha deixado aos nove anos de idade quando minha mãe se separou do meu pai e resolveu ir morar em São Pulo, as paredes ainda tinham o mesmo tom de lilás e as minhas cortinas brancas, que agora já estavam um pouco amareladas pelo tempo, continuavam penduradas na janela dando um ótimo contraste com o meu cobertor rosa estendido na cama, o tapete rosa com branco ainda estava na frente do meu ropero marfim que ficava do lado da minha escrivaninha da mesma cor. Larguei a minha mala e a minha mochila na cama, peguei o meu pijama e a minha toalha e fui para o banheiro tomar banho.

*--*

De manhã meu primeiro pensamento foi que hoje começava as minhas aulas na nova escola, uma verdadeira chatice e o pior é que eu ainda ia ter que ir de bicicleta. Fui ao banheiro, e escovei meus dentes, depois prendi o meu cabelo castanho escuro num rabo de cavalo, lavei meu rosto e desci para a cozinha.

- Bom Dia, quer uma torrada com presunto e queijo?

-Ta pode ser.

Comi minha torrada em silencio até minha avó aparecer e me perguntar se eu dormi bem, eu respondi que sim e o assunto parou por ai, depois coloquei o meu prato na pia e peguei a minha bicicleta e fui para a escola.

Prológo!

Prólogo
Tem dias que fico pensando na vida

e logo chego à mesma conclusão

a vida é um mistério tão grande

e nem sempre encontro sua real razão.

Nascemos caminhando rumo à morte

logo, a vida é efêmera bolha de sabão...

Já nem sei o que esperar da sorte,

diante da hipótese de que a vida é só ilusão. – Carmen Vervloet

Hoje volto para o meu lar, onde eu cresci e dei meus primeiros passos, onde eu me sentia segura quando era pequena, mas as coisas mudaram e eu não sei se agora se aquela ainda é a minha casa e se eu ainda me sinto bem naquele lugar.