O Arcano

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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Nono Capítulo!

Foi um beijo diferente, intenso, como se nossas almas tivessem se chocado e os meus sentimentos tivessem ganhado vida, todas as minhas perguntas tinham sido respondidas e eu poderia ficar ali com ele por toda a eternidade sem me importar com o mundo, mas como se fosse só para estragar aquele momento começou um barulho muito irritante, era parecido com um sino, tudo bem que as pessoas falam que quando você esta apaixonada você ouve sinos ao seu redor mais isso era ridículo, o barulho começou a ficar cada vez mais perto, cada vez mais irritante, e então o Matheus pareceu ouvir também e paramos de nós beijar e por um momento ficamos cegos, alguém tinha colocado a luz de uma lanterna bem na nossa frente, e quando finalmente aquela luz saiu dos meus olhos eu consegui ver um homem gordinho, vestindo uma calça e jaqueta azul escura, com os cabelos pretos e um enorme bigode e foi só então que eu percebi o enorme distintivo que ele usava no peito, ele era um policial, e então eu entendi o estranho barulho que tínhamos ouvido antes, deveria ser o apito que ele estava segurando na mão direita, ótimo nada podia ter dado tão errado agora!
-Boa Noite – o Matheus falou para o policial.
-Boa Noite, o que estão fazendo aqui?
-Nada – respondemos juntos.                          
-Tudo bem eu vou fingir que acredito, mas acho melhor vocês dois irem para casa agora já esta bem tarde.
-Tudo bem, nós já estamos indo – dessa vez fui eu quem falou.
Levantamos-nos e começamos a andar apressadamente e em poucos segundos começamos a rir da situação, com certeza isso não era o que se esperava do primeiro beijo com a pessoa que você gosta, mais apesar de tudo que aconteceu hoje eu não pensaria duas vezes se pudesse voltar só para reviver esse momento várias vezes.
- Nossa já é muito tarde, eu devia ter te levado para casa mais cedo. – ele disse isso olhando para o relógio que havia na grande torre da igreja, reparei que o relógio já estava um pouco velho, com certeza devia estar ali deis que a igreja foi construída há muitas décadas atrás.
- Não é tão tarde assim, são só sete horas – mais infelizmente mesmo não sendo tão tarde devido ao horário de inverno já estava tudo praticamente escuro, a única luz que tinha vinha dos postes de luz que tinha aproximadamente uns cinqüenta metros de distancia entre um e outro, provavelmente foi por isso que ele começou a andar cada vez mais rápido, quando estávamos a apenas uma rua da minha casa ele me perguntou:
- Você se importa se eu te deixar aqui?
- Não tem problema, eu vou sozinha, já esta bem perto.
- Tudo bem, eu te vejo amanhã na escola, tchau – e falando isso ele beijou a minha testa.
- Tchau, até amanhã.
-Até.
Eu fui andando para casa rápido e quando entrei o meu pai estava sentado na sala olhando o jornal com uma linha de expressão bem definida no meio da testa enquanto a minha vó estava na cozinha preparando o jantar, percebi pelo cheiro que ela estava fazendo o meu prato preferido, lasanha, mas mesmo assim não pude evitar de ficar um pouco preocupada, o meu pai deveria estar me esperando para me dar uma bronca por ter ficado até fora tão tarde, embora para mim sete horas não fosse tarde, para ele com certeza era, ainda mais quando eu estava com um garoto já que essa altura minha avó provavelmente já devia ter contado a ele.
- Demorou um pouco não acha? – o meu pai perguntou.
- É um pouco, eu perdi a noção do tempo – e não era mentira.
Eu falei isso enquanto puxava uma cadeira da mesa e me sentava.
- Bom e onde exatamente você estava?
- No planetário.
- Ah, e você se divertiu? – ele estava me perguntando se eu tinha me divertido? Ele não ia me dar nem uma bronca ou nada do tipo? Ia ser só isso?
- Claro foi muito legal.
- Que bom então querida – agora foi a minha vó que falou enquanto colocava a lasanha na mesa e uma fatia no meu prato.
 - Obrigada vó.
 - De nada.
Ela falou isso e serviu uma fatia no prato do meu pai que estava vindo se sentar e depois uma no seu próprio prato e todos comemos em silencio, exceto pelo barulho do noticiário da TV. Depois eu ajudei a secar a louça e subi para o meu quarto, ninguém volto a tocar no assunto, foi praticamente um milagre.
*--*
Hoje eu acordei e a primeira coisa que eu fiz foi abrir minha janela para checar o tempo, estava um lindo dia de sol com quase nenhuma nuvem no céu. Troquei de roupa, e enquanto escovava os meus dentes olhei para o reflexo no espelho, o que eu vi foi uma garota de pele extremamente clara, olhos castanhos e cabelos negros, agora prendidos eu um rabo-de-cavalo. Desci e tomei o meu café da manhã sozinha, meu pai já tinha ido para a loja e a minha vó ainda não tinha acordado, comi a minha torrada com pressa, pela primeira vez estava com vontade de ir para a escola.
Cheguei lá e infelizmente não encontrei o Matheus, então eu fui para a sala da minha primeira aula, Geografia, e abri o meu caderno e o meu livro enquanto esperava a aula começar, dei um olhada para as pessoas que já haviam chegado mais percebi que não conhecia ninguém e aos poucos a sala foi ficando cheia, de gente que eu não conhecia, até o momento que o único lugar vago era do meu lado e chegou uma garota de cabelos ruivos e crespos, pele clara e de olhos de um azul vivo, também não pude deixar de reparar nas roupas que ela usava, era uma saia verde limão rodada que chegava até o tornozelo, uma blusa azul forte da mesma cor de um tamanco de salto plataforma.
- Oi, tudo bem? Eu sou a Amélia, prazer em te conhecer! Você gosta de geografia? Eu adoro!
- Ahn... Oi eu sou a Julia, prazer em te conhecer também, e eu não gosto tanto de geografia.
-Ah que chato! – ela falou isso fazendo uma cara de decepção como se eu tivesse acabado de falar que a série preferida dela não ia exibir a sua ultima temporada no Brasil – bom eu adoro essa matéria. É a melhor em minha opinião eu amo saber as coisas sobre o nosso mundo...
Ela continuou falando até o professor entrar na sala e começar a escrever no quadro, eu fiquei me perguntando como que em todos os dias que eu estive na escola eu ainda não tinha visto ela, ela não era uma pessoa que passava despercebida.
O professor Igor passou algumas atividades no caderno e assim que a Amélia acabou de copiar ela me convidou para fazer as atividades com ela.
- Vamos fazer as atividades juntas? – ela me perguntou com o sorriso no rosto e então eu percebi que ela usava aparelho e me lembrei de quando usava quando tinha uns nove anos.
- Tudo bem então.
- Legal, eu espero que agente ache as respostas rápido no livro e não fique tema para fazer em casa.
- Também espero.
O tempo passou bem rápido, nos conseguimos acabar os exercícios em aula e mesmo ela tendo uma aparência um pouco estranha eu não posso negar que ela é a pessoa mais divertida que eu conheci aqui depois do Matheus.
O sinal tocou e eu fui para a aula de Matemática com um lindo sorriso no rosto por saber que o Matheus ia estar lá. Entrei na sala e ele estava la sentado, a aula começou com algumas atividades de revisão e enquanto eu abria o meu livro ele sussurrou:
- Você pode me encontrar hoje perto da locadora?
-Ta pode ser – Será que era um segundo encontro?