Como todos os dias eu voltei para casa na minha bicicleta vermelha de cestinha cinza, e almocei, dessa vez sozinha já que o meu pai continuava na loja e a minha avó tinha saído para ir ver uma velha amiga de infância, eu não me importava de ficar só eu e o barulho da maquina de lavar, nunca tinha tido muita companhia mesmo, a não ser a minha única melhor amiga, a Sara, que eu não via dez que sai de São Paulo.
Peguei meu prato eu fui até a pia para lavá-lo quando eu me lembrei da ultima frase que eu tinha visto no meu caderno: “As coisas sempre mudam, concordando ou não com elas, talvez para pior ou se tiver sorte o contrário, depende do ponto de vista”, ainda não tinha mudado nada na minha vida, só o fato de um garoto (e foi o garoto) ter me convidado para sair, será que era só sobre isso que a frase se refere? Eu espero que sim.
No dia seguinte eu fui me encontrar com o Matheus como combinamos – ainda bem que era sábado – o dia estava claro, sem nem uma nuvem no céu, tinha poucas pessoas na rua, menos do que já era de costume, e como a locadora era mais próxima da minha casa do que a escola eu resolvi ir a pé mesmo e curtir um pouco o vento que tinha.
A locadora era na rua atrás da igreja, perto do Planetário que tinha virado o meu lugar preferido da cidade. Depois de alguns minutos eu o avistei sentado em um banco em frente a um cartaz de um filme de comédia, que apropósito já era bem antigo.
A sua pele clara tinha um lindo contraste com o seu cabelo castanho que balançava com o vento, os seus olhos verdes estavam com um brilho que fazia você se perder neles e esquecer todos os problemas. Ele era tão perfeito!
-Oi – ele disse sorrindo, mas quando eu olhei para os olhos deles eu tive a impressão que havia alguma coisa errada, muito errada, mas eu não fazia idéia do que.
-Oi – foi tudo que eu respondi.
-Bom eu vou falar logo de uma vez, eu convidei você para vir aqui porque eu preciso te contar uma coisa – pela expressão dele não devia ser uma coisa muito boa.
-Tudo bem, e eu não quero parecer muito curiosa, mas, o que é?
- Hum, vamos até o planetário que eu te conto la, ok?
-Ok.
Caminhamos ate la em silencio, o único barulho que tinha era dos galhos das árvores se mexendo por causa do vento.
Eu já estava ficando preocupada, tinha um clima de tensão no ar, eu não estava gostando daquela sensação.
-Bom chegamos – eu falei.
-É chegamos...
-É.
-Tudo bem eu vou falar logo, eu sou um extraterrestre.
O QUE? Que piada de mau gosto!
-Ta essa foi boa agora falando sério o que você queria me contar, de verdade?
-Mas é isso, eu juro que é verdade, porque você acha que eu acreditei quando falaram que a Fernanda estava chorando sangue ou porque eu trabalho no planetário quando nem terminei o segundo grau ainda?
-Não sei por que você não é desconfiado e é sortudo?
-Não, é porque eu sou um ET.
-Não, não é você, esta aqui na minha frente, não pode ser.
Não podia ser!!